Dia da consciência negra: os dados do IBGE e a busca pelo ideal igualitário

Diversos jornais divulgaram recentemente pesquisa do IBGE com o dado de que a população negra (pretos e pardos) passou a formar a maioria dos estudantes na rede pública do ensino superior, no percentual de 50,3%. Circunstância a ser comemorada, sem dúvidas, mas que deve ser avaliada em conjunto com outras informações omitidas por boa parte da imprensa.

O dado divulgado tem origem no estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça e consta em dois informativos publicados pelo IBGE, que podem ser acessados aqui:

https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf
https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/media/com_mediaibge/arquivos/4e0d6489049f2329584cd5e61350d192.pdf

Em primeiro lugar, deve-se ter em mente que a população negra representa 55,8% da população brasileira. Portanto, ainda que alcançada a maioria no ensino superior (50,3%), esse universo de pessoas permanece subrepresentado dentro das universidades. Isso indica que as políticas de acesso ao ensino superior, que fomentam o ingresso dos negros, têm trazido resultado positivo, mas ainda não atingiram a equalização na proporção de negros e brancos neste ambiente.

Porém, este breve texto tem o intuito de chamar a atenção para o fato de que os já mencionados informativos do IBGE trazem uma enxurrada de muitos outros elementos que não podem ser ignorados, que devem ser lidos e interpretados/avaliados em conjunto, e que também mereceriam ampla divulgação.

Não há como relacionar todos eles, cada um com carga de importância inegável, mas, pelo receio de que, vista isoladamente, a informação sobre a representatividade no ensino público superior possa equivocadamente levar à conclusão de que se está perto de atingir o objetivo igualitário, enumeram-se alguns dos demais dados para comprovar que há ainda um longo caminho a ser percorrido para se atingir a igualdade racial idealizada: